Gamboa. Rio de Janeiro (RJ)
Agosto de 2016
Fala mansa, baixa, expressiva — até nos silêncios. Caminhar lento de quem carrega uma vida no samba e uma parte do corpo. Avistando-o de longe, quem o reconhece em suas criações abre um sorriso-abraço de reverência e carinho.
Quando senta na roda, alguma coisa de juventude se reestabelece nos ombros, nas mãos, nos olhos, na voz, dele e de quem o cincunda. O olho mareja. Reconhece saudades — a de sambar, diz ele que aflige.
Puxa o brinde e relembra que noutros tempos seria um Domec. Quem traz o copo d’água — e aparece em várias fotos — é Ângela Nenzy, sua companheira há 26 anos. Ângela canta, dança, bebe e às vezes deixa escorrer uma lagrimazinha cheia de muita história vivida junto.
O ensaio era pra ser sobre o Wilson Moreira. Mas não tem como apontar a câmera pra ele e não ver ali pertinho Ângela e esse amor.
-Sambou bonito, preta!, diz ele assim que acaba o samba